Arquivo da categoria: Viagem

Honolulu, Hawaii (SMC’2023)

Aloha, Hawaii!

A IEEE Conference on Systems, Man, and Cybernetics (SMC) estava programada para ocorrer na ilha de Maui, em outubro. Mas, um incêndio de imensas proporções atingiu a ilha em agosto/2023, destruindo várias casas, comércios e diversas instalações; e, mais devastador, ceifando quase cem vidas. 

Assim, pouco antes da data de início do SMC, aproximadamente com um mês de antecedência, os organizadores decidiram mudar o lugar do evento para o hotel Sheraton Waikiki, na ilha de Oahu, Honolulu. Esta mudança trouxe transtornos para todos os envolvidos e, no meu caso, a passagem aérea já tinha sido adquirida para Maui. Logo, pousaria na ilha errada. 

O evento deste ano recebeu 1.400 submissões (de 43 países) e teve uma taxa de aceitação de 56%. Quase metade dos artigos, mais precisamente, 350, foram apresentados de maneira virtual (ou seja, a mudança do local do evento impactou muitos dos participantes).

Apresentei o artigo A post-selection algorithm for improving dynamic ensemble selection methods que foi desenvolvido em parceria com Rafael Cruz (ETS, Canadá) e Paulo Roger (aluno de doutorado no CIn-UFPE). Este artigo propõe uma abordagem que seleciona on-the-fly a melhor técnica de Dynamic Selection (DS) por instância de teste. Logo, o artigo tem o objetivo de endereçar a seguinte pergunta de pesquisa: como escolher a melhor técnica de DS por instância de teste? Esta pergunta leva a uma reflexão sobre se precisamos de mais e novas técnicas de DS ou se as técnicas de DS existentes já seriam suficientes para se obter uma boa precisão global do sistema. O artigo conclui que as técnicas que DS são complementares e que o framework proposto é capaz de melhorar a precisão do sistema quando comparada à cada uma das técnicas de DS isoladamente.

A ilha de Oahu é a terceira maior ilha do Havaí; mas, é pequena. A maior distância entre dois pontos da ilha é de, aproximadamente, 70 km. Por outro lado, esta é a ilha mais populosa do Havaí com um milhão de habitantes.

Marcas do sete de dezembro de 1941 estão expostas e tem um papel educador marcante. Nesta data, antes das oito horas da manhã, a Baía de Pearl Harbor foi atacada pelos japoneses em plena segunda guerra mundial. Esta baía, a oeste de Honolulu, foi pega de surpresa e os danos foram expressivos. 

Vários navios, aeronaves e diversos equipamentos e instalações sofreram danos ou foram completamente destruídos. Desastrosa a perda de mais de duas mil vidas, neste fatídico evento que durou menos de oitenta minutos. 

Dos oito navios de batalha ancorados na baía, quatro foram afundados. Sobre os destroços do USS Arizona foi construído um memorial que pode ser acessado de barco a partir do centro de visitação de Pearl Harbor. 

As praias do North Shore sāo uma meca para os surfistas. Oferecem ondas perfeitas que atraem surfistas do todo o mundo. Waimea Bay, Shark’s Cove, Banzai Pipeline e Sunset Beach sāo pontos para aproveitar não só o visual deslumbrante mas também as águas do pacífico. Cuidado: as ondas enormes de Pipeline quebram em águas rasas sobre um recife afiado e cavernoso e são conhecidas por sua letalidade.

Para os amantes de café, vale a pena experimentar o Kona café. Ele é produzido apensa no Havaí, de maneira artesanal e é cultivado em solo vulcânico. Adianto que, dado esses atributos, não é um café barato.

O farol de Makapu’u localiza-se no ponto mais oriental da ilha e foi construído em 1909. Com 14 metros de altura, este farol possui a maior lente dentre os faróis dos Estados Unidos. A trilha (3,2 km, ida e volta; com 150 metros de elevação) que leva ao farol oferta uma vista espetacular da costa e da cratera do vulcão Koko. 

Luiz (UFPR), Rafael (ETS, Canadá), Tsang (UFPE), George (UFPE) e Paulo (UFPR)

O Diamond Head é uma cratera de um vulcão cuja visita precisa ser agendada com antecedência, pois é um parque estadual e possui limite de visitantes por dia (duas mil pessoas). O estacionamento fica na base do vulcão e os visitantes fazem uma trilha até o seu topo para desfrutar de uma vista privilegiada da cidade. Mas, isso tem um custo, são mais de 180 metros de altura de elevação por uma trilha que ziguezagueia pela encosta do vulcão num calor nordestino. Mas, a recompensa vale cada gota de suor.

Mahalo, Oahu!

Posfácio

No longo voo de volta, finalizei a leitura do livro de ficção científica “O problema dos três corpos”, de Cixin Liu — recomendo++ esta leitura para os amantes ou não de ficção. Ao subir o Diamond Head, deparei-me com uma escada que me fez lembrar de passagens do livro, em especial, a Base Costa Vermelha, na qual uma antena foi usada para a enviar o “primeiro grito da Terra que alcançou os ouvidos de um mundo extraterrestre”. Sinal que atingiu o sol e foi amplificada para o universo e que, certamente, chegou até o Havaí; um conjunto de ilhas isoladas no meio do pacífico, tão distante que possui seu próprio fuso horário e está a 3.900 km do continente.

“Sempre tive a impressão de que as melhores histórias da humanidade, as mais bonitas, não eram cantadas por bardos itinerantes, nem escritas por dramaturgos e romancistas, mas relatadas pela ciência.”

Cixin Liu

Hamburgo, Alemanha (CHI’2023)

De 23 a 28 de abril de 2023, participei do ACM CHI Conference on Human Factors in Computing Systems que ocorreu na cidade de Hamburgo, no norte da Alemanha.

Esse foi o maior CHI (que ocorre desde 1982) em termos do número de participantes, contando com mais de 4600 (provenientes de 79 países), dos quais, 3888 estavam presentes no centro de convenções. A taxa de aceitação do evento foi de 27,6%, pois dos 3128 artigos submetidos, apenas 879 foram selecionados.

O CHI não limita o tamanho do artigo. Embora tenha artigos com mais de 20 páginas, em coluna dupla, acredito que o mais comum é o uso de 12-14 páginas. Isso trás um desafio para os que cuidam do processo de revisão dos artigos (chairs e revisores), pois precisam lidar com uma quantidade grande de grandes artigos. Esta liberdade tente a ser modificada já para o evento do ano seguinte que será em Vancouver.

Embora artigos possam ter mais de 20 páginas, o tempo alocado para cada apresentação é de, no máximo, 10 minutos. Isso força os autores a produzirem apresentações que incluam apenas o fundamental para “venderem” suas ideias e achados, deixando os detalhes escritos nos artigos. Assim, logo após uma introdução contextualizando o problema, os apresentadores já deixam claro seus principais takeaways e findings. Não há tempo a perder!

Foram muito atrativas as apresentações do CHI, pois não perde-se tempo com trivialidades e, de maneira geral, notava-se um cuidado, um esmero, um árduo trabalho em cada slide. Cada transição era pensada com a audiência em mente, com o intuito de melhor contemplar os caminhos fundamentais trilhados pela pesquisa. Claro que em muitos casos, fiquei com “gosto de quero mais”! Desejava mais detalhes que podem ser obtidos na arguição, em conversa com os autores ou na leitura do artigo.

Dica: ao apresentar um artigo num congresso, seu objetivo não é explicar todos os detalhes do artigo, e sim, despertar o interesse da audiência em ler o seu artigo.

Um evento científico fornece várias oportunidades, dentre as principais que guiam os pesquisadores, têm-se: publicar o artigo, apresentar o artigo e interagir com a comunidade. No estado atual da tecnologia, podemos publicar e apresentar o artigo virtualmente com qualidade, mas, ainda temos que percorrer anos-luz para atingirmos uma qualidade viável para efetivamente integrar pessoas em ambientes virtuais.

Inesperados eventos nos forçam a mudar; faz parte da natureza de estar vivo. Assim, mirando no futuro, mas com um olhar no que herdamos durante o período da pandemia, o CHI tornou-se um evento híbrido. Vale destacar que os artigos dos autores que não puderam estar pessoalmente em Hamburgo, foram adicionados ao programa do evento e marcados como apresentações on-line (os vídeos ficaram disponíveis no site do evento). Esta marcação ajuda a minimizar surpresas como as que ocorreram no AAAI’23, no qual a audiência era surpreendida com a informação de que o autor não estaria presente na sala e seria apresentado um vídeo ou estaria presente na ferramenta de videoconferência Zoom.

Outro ponto que me chamou a atenção, difere do que estou acostumado, diz respeito ao formalismo dos artigos. Nesta caso, a falta de formalismo matemático de boa parte dos artigos.

Hamburgo

Segunda maior cidade da Alemanha, com a população perto dos dois milhões de pessoas. Um dos maiores rios da Europa passa por Hamburgo antes de desembocar no mar no norte. O rio Elba abriga o terceiro maior porto da Europa.

No porto de Hamburgo, uma maneira de passar de uma margem para a outra do rio é utilizar um túnel (St. Pauli Elbe Tunnel) que foi inaugurado em 1911 (foto a seguir). O túnel possui incríveis 426 metros de comprimento e fica a uma profundidade que atinge mais de 23 metros.

Berlin

De trem, percorrer os aproximadamente 280 km entre Hamburgo e Berlin, demora em média duas horas. Berlin é incrível, monumental, recheada de história antiga e recente. Poucas cidades no mundo foram destruídas e reconstruídas com tanto esmero. 

Parte da história continua lá, nos mais diversos símbolos. Conhecer a faixa que dividiu a cidade por 28 anos, de 1961 até 1989, em duas partes, uma liderada pela antiga União Soviética e outra tutorada por franceses, ingleses e norte americanos, mostra que devemos ficar constantemente alertas e, também, que devemos nortear nossos movimentos na direção que dignifique a humanidade. O murro de Berlin, com ficou conhecido, foi finalmente destruído em 1989, e sua derrubada permitiu que familiares próximos, amigos que não se encontravam há anos, pudessem congregar, dar e receber um abraço. O murro, de fato, não era um murro. Era uma faixa, um corredor, que forçosamente garantia a separação desagregadora e só justificável na insanidade que emerge de fins políticos.

O Portão de Brandemburgo é um marco na cidade desde sua inauguração em 1791. O murro de Berlin passava as margens do portão que ficou localizado no lado leste do murro, do lado soviético.

Parques, monumentos, edifícios históricos, catedrais, pontes, igrejas, universidade, museus, parques,… têm-se muitas opções ao visitar esta bela cidade.

Washington, DC, USA (AAAI’2023)

A trigésima sétima AAAI Conference on Artificial Intelligence foi sediada na capital dos Estados Unidos da América, em Washington, DC, entre os dias 7 e 14 de fevereiro de 2023.

A conferência contou com mais de 4.200 participantes e mais de 1.700 artigos foram apresentados, englobando as mais diversas áreas de inteligência artificial (simbólica e conexionista). O Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco enviou uma comitiva com quatro professores ao evento. 

Da esquerda para a direita: Adiel, Leandro, eu e Teresa.

Todos os autores gravaram um vídeo com suas apresentações e a conferência seguiu o formato híbrido. Logo, caso o autor não estivesse presencialmente no evento, ele poderia apresentar via videoconferência; e, como último recurso, caso o autor não estivesse na plataforma virtual ou se a conexão não estivesse com boa qualidade, o chair da sessão colocaria o vídeo da apresentação. 

Estar num evento presencial excede as vantagens de estar em casa assistindo ao desdobramento das atividades do congresso. Ao participar de um evento fora da sua cidade, além da experiência de viver outras realidades, a imersão, estar longe das questões do dia a dia, facilita a interação e a discussão com outros pesquisadores. Neste sentido, o AAAI ainda está em processo de acomodação após anos em formato virtual por causa da pandemia. Acerca deste ponto reside minha principal queixa quanto ao evento: muitas apresentações foram realizadas usando a plataforma virtual ou por um vídeo previamente gravado, dando a impressão de estar assistindo ao youtube.  

Outra queixa é global, não apenas ao AAAI, e diz respeito ao cuidado (ou a falta dele) ao se preparar uma apresentação. Em alguns casos, o autor pouco se importava com a semântica, focando apenas no operacional. Um exemplo: ao contextualizar uma equação, uma definição, deve-se primeiro interpretá-la, explicá-la em alto nível. Só depois, deve-se para detalhar as variáveis, as partes constituintes. Em outros casos, os slides pareciam cópias mal feitas dos artigos; por vezes, slides ilegíveis da plateia com tabelas imensas ou com várias figuras pequenas, combinado com slides repletos de texto. O artigo e a apresentação são mídias diferentes com propósitos diferentes. O primeiro é um documento que deve ser entendido na ausência do autor. Já o segundo, é um guia para auxiliar o autor a expor de maneira clara o caminho que leva da concepção à conclusão do trabalho. 

Como ponto positivo, destaco a qualidade dos artigos selecionados pelo evento e, também, o rigoroso processo de seleção dos artigos. Os artigos que li, de maneira geral, são bem formatados e apresentam claramente suas contribuições perante a literatura da área. Ressalto ainda os palestrantes, pesquisadores de destaque que deram visões interessantes e inspiradoras de suas áreas.

A cidade

Washington, DC, é uma cidade para ser desfrutada a pé. Plana e com calçadas largas, convida os visitantes a caminhar e apreciar suas ruas, parques, praças, construções e monumentos. São muitas as atrações da cidade, mas, destaco os mais de setenta museus (voltarei de férias para visitá-los; tomara!).

Padova-Itália (WCCI’2022)

Primeira viagem após o início da pandemia. Expectativa, alívio, renovação, ou, simplesmente, desejo de retornar à liberdade ora perdida de súbito. Algo foi retirado, sem planejamento, de repente, inesperadamente.

Procuramos novas alternativas. Mesmo sabendo que o anseio é voltar. Voltar ao conhecido, voltar ao que achamos que nos dá segurança. 

Segurança não há! A incerteza é o próximo movimento de um jogador imbatível. Mas, a incerteza nos coloca em modo de atenção do qual emerge mais aprendizado. Parece contraditório, mas não é; é vida.

. . .

Neste ano, participei mais uma vez do World Congress on Computational Intelligence (WCCI) que congrega três grandes eventos: IJCNN, CEC e FUZZ-IEEE. Este ano foi especial! Não apenas por ter ocorrido na Itália, na cidade de Padova (Patavium) que possui a segunda universidade mais antiga da Europa com 800 anos, mas também, por ser um recomeço. Nos três eventos, que ocorreram durante a semana de 18 a 23 de julho, foram apresentados mais de mil artigos.

Destes artigos, fui co-autor de dois:

Mariana Souza, Robert Sabourin, George Cavalcanti, Rafael Menelau Oliveira e Cruz.
Local overlap reduction procedure for dynamic ensemble selection
Carlos Antônio A Júnior, Luis Filipe Alves Pereira, George Cavalcanti, Tsang Ing Ren.
Ensemble of Convolutional Neural Networks for Sparse-View Cone-Beam Computed Tomography

São várias as atrações em Padova que ladeavam os caminhos que conectam o hotel ao local do evento. Alguns exemplos nas fotos a seguir.

As ruínas romanas do anfiteatro de Padova datam de 27ac—14dc. Já o Pedrocchi Café é bem mais recente, mas, está em funcionamento há quase duzentos anos.

A Universidad degli Studi di Padova foi fundada em 1222 por um grupo de estudantes e de professores, dissidentes da Universidade de Bolonha, em busca de mais liberdade acadêmica. Galileo Galilei foi professor nesta universidade de 1592 a 1610. Além disso, Elena Cornaro Piscopia tornou-se a primeira mulher a se graduar em uma universidade (em 1678) e a receber um título de doutora.

Mais uma data: a Basílica de Santo Antônio de Padova começou a ser construída em 1230 e, em uma de suas capelas, repousam os retos mortais de Santo Antônio.

Bologna

A cidade de Bologna é uma das mais populosas da Itália e está a 120 km de Padova. A universidade que leva o nome da cidade foi a primeira universidade da Europa, fundada em 1088.

São várias as atrações históricas desta antiga cidade. Entre elas, a Basílica de Santo Stefano, também conhecida como complexo das Sete Igrejas (Sette Chiese). Este complexo não chama tanta a atenção do lado de fora. Mas, ao adentrar, a composição de diferentes construções desperta a curiosidade e os olhares dos visitantes. Uma das igrejas do complexo é a Igreja do Santo Sepulcro; além disso, o complexo pretende reproduzir os caminhos da paixão de Cristo.

Ao andar nas ruas de Bologna, não nos damos conta dos túneis sob nossos pés. Como curiosidade, soube que existe um rio sob a cidade. Tal rio pode ser visto entre os prédios através de uma pequena janela da Via Piella (a Itália está passando por uma forte seca, por isso o rio mais parece um filete de água).

Agradeço Inden pela oportunidade de ser guiado por seus espetaculares amigos italianos: Manu, Elisa, Erica e Francesco, que além da arquitetura e dos monumentos da cidade, foram bastante generosos ao nos apresentar à fascinante culinária local. Destaco o gelato artesanal da Cremeria Santo Stefano e o jantar no Ristorante il Passatello di Bologna.

Venezia

Dos lugares únicos que conheci, acrescento Veneza. Desconheço outro local semelhante. É como o monte Saint-Michel na França; lugar único, mágico. Uma riqueza para os olhos, atentos ou não. A infinitude de detalhes ao longo de suas ruelas estreitas nos transporta para outra era, para filmes, para a alegria de uma cidade que vislumbra a paz após períodos tenebrosos. 

Neste verão de mais de quarenta graus, suas ruas pulsam como veias e seus “rios” como artérias que transportam pessoas de e para o seu coração, representada nesta metáfora pela praça de São Marcos.

 Prego!

Budapeste-Hungria (IJCNN’2019)

A cidade de Budapeste é cortada pelo rio Danúbio que no passado separava a cidade plana, chamada de Pest, da cidade com morros, chamada de Buda. A junção de Buda com Pest só ocorreu no final do século dezenove.

Budapeste recebeu a comunidade de redes neurais e áreas de pesquisas afins no International Joint Conference on Neural Network (IJCNN), que ocorreu de 14 a 19 de julho desse ano. Mais especificamente, o IJCNN foi sediado na parte plana, Pest, às margens do rio Danubio, de frente ao castelo de Buda localizado na outra margem do rio.

Como parte da atividades do projeto de colaboração que mantenho com o prof. Laurent Heutte (Universidade de Rouen, França) e com os profs. Alceu Britto Jr (PUC-PR) e Luiz Oliveira (UFPR), coordenamos uma sessão especial no IJCNN com o título Ensemble Learning and Applications.

Nesse ano, o IJCNN recebeu 1532 submissões de artigos de 82 países e, aproximadamente metade, (50%) deles foram aceitos para apresentações oral e pôster. Tive dois artigos aceitos e apresentados de forma oral. O primeiro artigo (On evaluating the online local pool generation method for imbalance learning) foi apresentado por Mariana (foto a seguir) que atualmente está fazendo se doutorado na École de technologie supérieure (ETS), em Montreal-Canadá, com supervisão do prof. Robert Sabourin e com minha co-orientação. Esse artigo apresenta uma avaliação do método de geração local de conjuntos de classificadores (OLP) em problemas com desbalanceamentos entre as classes.

2019-ijcnn-mariana

Thiago que está terminando seu doutorado no Centro de Informática-UFPE, orientado por mim e co-orientado pelo prof. Luiz Oliveira (UFPR), apresentou o artigo Evaluating Competence Measures for Dynamic Regressor Selection (foto a seguir). Nesse artigo, avaliamos diferentes medidas que são usadas para escolher os melhores regressores em um conjunto de modelos previamente treinados.

2019-ijcnn-thiago

Budapeste é uma cidade exuberante. São vários bares, cafés e restaurantes em suas ruas, nos quais, nota-se um intenso vai e vem de pessoas bonitas. No verão, com clima favorável e com a simpatia dos hóspedes, apesar da particular língua local (vale destacar que nos diversos estabelecimentos fala-se inglês), Budapeste é, sem dúvida, um convite que deve ser recebido e tratado com atenção especial. 

A cidade possui vários monumentos. Várias estatuas de bronze estão espalhadas pela cidade. Seguem dois exemplos nas fotos a seguir: little princess e sapatos às margens do Danúbio; ambas as fotos com o castelo de Buda ao fundo. 

O memorial dos sapatos de bronze homenageia as vítimas que foram assassinadas nas margens do Danúbio durante a segunda grande guerra. Essas vítimas eram obrigadas a retirar os sapatos antes de serem mortas, pois os sapatos eram considerados itens de valor. Esse memorial fica próximo ao parlamento húngaro e, por mais belo que seja o lugar, é inquietante saber o motivo pelo qual os sapatos lá estão — desassossego exacerbado pelos vários sapatos infantis (many little princes and princesses).

Rio de Janeiro (WCCI’2018)

Nesse ano, o IEEE World Congress on Computational Intelligence (WCCI) ocorreu na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Esse é o maior evento global focado em inteligência computacional e congrega três grandes conferências a cada dois anos: International Joint Conference on Neural Networks (IJCNN), IEEE Congress on Evolutionary Computation (CEC) e IEEE International Conference on Fuzzy Systems (FUZZ-IEEE). Vale destacar que essa foi a primeira vez que essas conferências ocorreram na América do Sul.

O WCCI é um evento longo que dura seis dias, de domingo à sexta-feita, com mais de dez sessões em paralelo. Na manhã do domingo, apresentamos um tutorial sobre seleção dinâmica de classificadores: Dynamic classifier selection: recent advances and perspectives. Nesse tutorial, foram apresentados os principais conceitos da área de pesquisa relacionada à combinação de classificadores, bem como, foi debatido o futuro da área. A foto a seguir registra o final do tutorial após mais de quatro horas de apresentação/discussão; da esquerda para a direita: eu, Rafael Cruz (apresentador) e Robert Sabourin.

20180708-tutorial2.JPG

Além do tutorial, fui co-autor de quatro artigos apresentados no IJCNN. Rafael apresentou o artigo “K-Nearest Oracles Borderline Dynamic Classifier Ensemble Selection” que propõe dois métodos para seleção dinâmica de classificadores: K-Nearest Oracles Borderline (KNORA-B) e K-Nearest Oracles Borderline Imbalanced (KNORA-BI). Essas propostas estendem o método K-Nearest Oracles Eliminate (KNORA-E), em especial, para lidar com dados cujas classes estejam desbalanceadas. Esse problema de desbalanceamento ocorre quando o número de instâncias em uma das classes é bem menor do que o número de instâncias em uma outra classe do mesmo problema.

Felipe (foto a seguir) apresentou o artigo “An Ensemble Generation Method Based on Instance Hardness“. Nesse artigo, propomos um método de geração de pools de classificadores baseado no Bagging.  Nessa proposta, a probabilidade de selecionar uma instância durante o processo de remostrarem é inversamente proporcional à sua instance hardness (medida usada para aferir a probabilidade de uma instância ser incorretamente classificada independente do classificador). Os experimentos mostraram que o método proposto é significativamente melhor do que Bagging em cenários nos quais os dados contêm ruído.

20180709-felipe.JPG

O artigo “Improving the accuracy of intelligent forecasting models using the perturbation theory” foi apresentado em formato pôster. Na foto a seguir, da esquerda para a direita: Eraylson, eu, Paulo Salgado e Domingos. Nesse artigo, a teoria da perturbação é aplicada na previsão de séries temporais.

20180710-poster4.jpg

Apresentei o artigo  “An empirical analysis of Combined Dissimilarity Spaces“, fruto do trabalho de graduação de Leticia. O trabalho apresenta o método Combined Dissimilarity Spaces (CoDiS) e alguns de seus parâmetros são avaliados objetivando a tarefa de categorizar texto. CoDiS é um sistema de múltiplos classificadores (SMC) no qual cada classificador é treinado com dados de um espaço de dissimilaridade diferente. Esse tipo de abordagem apresenta uma vantagem que emerge da diversidade gerada pelo uso de vários espaços diferentes ao invés de apenas um espaço. Assim, cada classificar do SMC “enxerga” a tarefa de categorizar o documento de um ângulo diferente e, possivelmente, complementar.

Os artigos submetidos ao congresso são avaliados por revisores que são pesquisadores experientes no assunto do artigo. Tanto a indicação dos revisores como a seleção dos artigos que serão apresentados num evento são tarefas de um comitê. Nesse ano, fui um dos cinco que formaram esse comitê (technical chair) do International Joint Conference on Neural Networks. Experiência interessante e árdua. Também tive o prazer de fazer parte do comitê que avaliou o melhor artigo de estudante do evento (best student paper award).  Atuei como section chair em duas sessões e, também, tive o prazer de introduzir o Plenary Talk do cientista Paul Werbos intitulada “Consciousness from AI to IOT and Noosphere“.  Werbos foi o primeiro pesquisador a descrever o processo de treinamento de uma rede neural artificial pela retro-propagação do erro, em 1974. Importante lembrar que nessa época, a área de redes neurais artificiais estava desacreditada; período conhecido como o inverno da Inteligência Artificial (AI Winter).  Grande parte desse descrédito deveu-se ao livro publicado por Minsky e Papert (“Perceptrons: An Introduction to Computational Geometry”) no qual eles mostram que um Perceptron não pode resolver o problema do Ou-Exclusivo (XOR). Muitas mudanças ocorreram logo depois com a publicação do artigo “Learning representations by back-propagating errors“. Mudanças que deram origem à família de métodos de aprendizagem de máquina conhecida como Deep Learning e que impactam bastante nossas vidas atualmente.

 

Montreal, Canadá (ICPRAI’2018)

Essa viagem foi motivada por duas atividades acadêmicas: visita científica à École de Technologie Supérieure (ETS) e participação no International Conference on Pattern Recognition and Artificial Intelligence (ICPRAI). A primeira semana da viagem foi dedicada à colaboração científica com o prof. Robert Sabourin e com o Dr. Rafael Cruz, ambos da ETS. Discutimos, entre outros assuntos, nossa visão sobre o futuro da área de combinação dinâmica de classificadores e possíveis abordagens para a geração de classificadores on the fly.

Na segunda semana, participei do ICPRAI que foi realizado na Concordia University. Foi nessa universidade que ocorreu o ICFHR em 2008, quando da minha primeira visita ao Canadá. Rafael apresentou nosso artigo “On dynamic ensemble selection and data preprocessing for multi-class imbalance learning” que avalia o desempenho de técnicas de seleção dinâmica de classificadores quando associadas a técnicas de pré-processamento em bancos de dados com diferentes graus de desbalanceamento. As técnicas de seleção dinâmica de classificadores estudadas obtiveram melhores resultados do que a combinação estática nas três medidas avaliadas: G-mean, F-measure e AUC. Além disso, os experimentos mostraram que o uso de pré-processamento melhora significativamente os desempenhos de técnicas de combinação dinâmicas e estáticas. Esse artigo foi convidado para uma edição especial do International Journal on Pattern Recognition and Artificial Intelligence.

Montreal é a cidade com a maior proporção de restaurantes por habitante do planeta. Um paraíso gastronômico. A diversidade é imensa. Tem comida para todos os gostos. Das minhas impressões, destaco o restaurante afegão Khyber Pass. Este figura no topo dos melhores restaurante que já tive o prazer de frequentar. Dica: antes de ir ao restaurante, compre um vinho de sua escolha numa Liquor Store e levo-o. Essa é uma prática comum por lá pois eles não cobram a “rolha” (taxa cobrada em alguns restaurantes para que você possa levar seu vinho).

Montreal é uma cidade que emana um charme que advém, em parte, da herança francesa. Ela é uma cidade verdadeiramente bilíngue. O famoso “Bonjour! Hi!” é ouvido nos mais diversos estabelecimentos. Multicultural!

(Homenagem ao cantor Leonard Cohen na Rue Crescent)

Omaha Beach, França (2018)

As tropas aliadas foram divididas em cinco setores quando do desembarque na costa da Normandia no dia D da segunda grande guerra. Um desses setores foi centrado na Omaha Beach. Tomar esse setor era responsabilidade do exército americano com a ajuda de ingleses, de canadenses e de franceses.

2018-les-braves(Monument Les Braves — Omaha Beach)

Na areia da praia avista-se um monumento, Les Braves, em homenagem aos mortos durante a batalha. Monumentos reavivam a memória. São marcas palpáveis e visíveis que despertam os olhares mais distraídos. Monumentos não deixam a história se desvanecer. Por que esse monumento está aqui? O que ele representa? Quem o colocou aqui? Monumentos despertam questionamentos que nos transportam no tempo e que nos fazem pensar “e se” as circunstâncias fossem outras, pensar em como transcender instruído pelo legado.

A algumas centenas de metros do monumento Les Braves, repousa um memorial-cemitério (Cimetière américain de Colleville-sur-Mer) com centenas de cruzes brancas em homenagem aos norte-americanos mortos durante a reocupação. Esse cemitério é território americano cedido pelos franceses aos Estados Unidos.

Estamos fadados a errar, mas ignorar é uma escolha.

Rouen, França (2018)

Nesses dias de janeiro, com temperatura máxima de dez graus celsius, conheci a bela e antiga cidade de Rouen, maior cidade da Normandia com cento e dez mil habitantes. Cidade medieval às margens do rio Sena, com várias e lindas igrejas góticas. A maior e mais imponente delas é a Catedral Notre-Dame de Rouen. Nessa catedral está a tumba com o coração de Ricardo Coração de Leão que foi rei da Inglaterra e duque da Normandia em 1189.

(Catedral Notre-Dame de Rouen)

 Joana d’Arc foi queimada em Rouen, em 1431. Ela foi declarada santa em 1920 pelo Papa Bento XV. Uma das capelas que compõem a catedral de Rouen é dedicada à ela.

(foto tirada em uma das paredes da cidade histórica de Rouen)

No centro antigo da cidade, a arquitetura das casas deve ser apreciada. Suas fachadas são emolduradas com madeira e os vãos preenchidos com barro. Essa composição e as cores dão um ar medieval à cidade, em especial, quando a cidade é açoitada por uma neblina gelada.

A história não está apenas nos livros, está viva nas ruas de Rouen. O Palais de Justice (foto a seguir), no centro de Rouen, ainda mostra as marcas da segunda grande guerra. Buracos de balas são cicatrizes que descansam em suas paredes e não nos deixam esquecer a dispensabilidade de uma guerra.

Cemitério, peste negra.