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Hamburgo, Alemanha (CHI’2023)

De 23 a 28 de abril de 2023, participei do ACM CHI Conference on Human Factors in Computing Systems que ocorreu na cidade de Hamburgo, no norte da Alemanha.

Esse foi o maior CHI (que ocorre desde 1982) em termos do número de participantes, contando com mais de 4600 (provenientes de 79 países), dos quais, 3888 estavam presentes no centro de convenções. A taxa de aceitação do evento foi de 27,6%, pois dos 3128 artigos submetidos, apenas 879 foram selecionados.

O CHI não limita o tamanho do artigo. Embora tenha artigos com mais de 20 páginas, em coluna dupla, acredito que o mais comum é o uso de 12-14 páginas. Isso trás um desafio para os que cuidam do processo de revisão dos artigos (chairs e revisores), pois precisam lidar com uma quantidade grande de grandes artigos. Esta liberdade tente a ser modificada já para o evento do ano seguinte que será em Vancouver.

Embora artigos possam ter mais de 20 páginas, o tempo alocado para cada apresentação é de, no máximo, 10 minutos. Isso força os autores a produzirem apresentações que incluam apenas o fundamental para “venderem” suas ideias e achados, deixando os detalhes escritos nos artigos. Assim, logo após uma introdução contextualizando o problema, os apresentadores já deixam claro seus principais takeaways e findings. Não há tempo a perder!

Foram muito atrativas as apresentações do CHI, pois não perde-se tempo com trivialidades e, de maneira geral, notava-se um cuidado, um esmero, um árduo trabalho em cada slide. Cada transição era pensada com a audiência em mente, com o intuito de melhor contemplar os caminhos fundamentais trilhados pela pesquisa. Claro que em muitos casos, fiquei com “gosto de quero mais”! Desejava mais detalhes que podem ser obtidos na arguição, em conversa com os autores ou na leitura do artigo.

Dica: ao apresentar um artigo num congresso, seu objetivo não é explicar todos os detalhes do artigo, e sim, despertar o interesse da audiência em ler o seu artigo.

Um evento científico fornece várias oportunidades, dentre as principais que guiam os pesquisadores, têm-se: publicar o artigo, apresentar o artigo e interagir com a comunidade. No estado atual da tecnologia, podemos publicar e apresentar o artigo virtualmente com qualidade, mas, ainda temos que percorrer anos-luz para atingirmos uma qualidade viável para efetivamente integrar pessoas em ambientes virtuais.

Inesperados eventos nos forçam a mudar; faz parte da natureza de estar vivo. Assim, mirando no futuro, mas com um olhar no que herdamos durante o período da pandemia, o CHI tornou-se um evento híbrido. Vale destacar que os artigos dos autores que não puderam estar pessoalmente em Hamburgo, foram adicionados ao programa do evento e marcados como apresentações on-line (os vídeos ficaram disponíveis no site do evento). Esta marcação ajuda a minimizar surpresas como as que ocorreram no AAAI’23, no qual a audiência era surpreendida com a informação de que o autor não estaria presente na sala e seria apresentado um vídeo ou estaria presente na ferramenta de videoconferência Zoom.

Outro ponto que me chamou a atenção, difere do que estou acostumado, diz respeito ao formalismo dos artigos. Nesta caso, a falta de formalismo matemático de boa parte dos artigos.

Hamburgo

Segunda maior cidade da Alemanha, com a população perto dos dois milhões de pessoas. Um dos maiores rios da Europa passa por Hamburgo antes de desembocar no mar no norte. O rio Elba abriga o terceiro maior porto da Europa.

No porto de Hamburgo, uma maneira de passar de uma margem para a outra do rio é utilizar um túnel (St. Pauli Elbe Tunnel) que foi inaugurado em 1911 (foto a seguir). O túnel possui incríveis 426 metros de comprimento e fica a uma profundidade que atinge mais de 23 metros.

Berlin

De trem, percorrer os aproximadamente 280 km entre Hamburgo e Berlin, demora em média duas horas. Berlin é incrível, monumental, recheada de história antiga e recente. Poucas cidades no mundo foram destruídas e reconstruídas com tanto esmero. 

Parte da história continua lá, nos mais diversos símbolos. Conhecer a faixa que dividiu a cidade por 28 anos, de 1961 até 1989, em duas partes, uma liderada pela antiga União Soviética e outra tutorada por franceses, ingleses e norte americanos, mostra que devemos ficar constantemente alertas e, também, que devemos nortear nossos movimentos na direção que dignifique a humanidade. O murro de Berlin, com ficou conhecido, foi finalmente destruído em 1989, e sua derrubada permitiu que familiares próximos, amigos que não se encontravam há anos, pudessem congregar, dar e receber um abraço. O murro, de fato, não era um murro. Era uma faixa, um corredor, que forçosamente garantia a separação desagregadora e só justificável na insanidade que emerge de fins políticos.

O Portão de Brandemburgo é um marco na cidade desde sua inauguração em 1791. O murro de Berlin passava as margens do portão que ficou localizado no lado leste do murro, do lado soviético.

Parques, monumentos, edifícios históricos, catedrais, pontes, igrejas, universidade, museus, parques,… têm-se muitas opções ao visitar esta bela cidade.

Washington, DC, USA (AAAI’2023)

A trigésima sétima AAAI Conference on Artificial Intelligence foi sediada na capital dos Estados Unidos da América, em Washington, DC, entre os dias 7 e 14 de fevereiro de 2023.

A conferência contou com mais de 4.200 participantes e mais de 1.700 artigos foram apresentados, englobando as mais diversas áreas de inteligência artificial (simbólica e conexionista). O Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco enviou uma comitiva com quatro professores ao evento. 

Da esquerda para a direita: Adiel, Leandro, eu e Teresa.

Todos os autores gravaram um vídeo com suas apresentações e a conferência seguiu o formato híbrido. Logo, caso o autor não estivesse presencialmente no evento, ele poderia apresentar via videoconferência; e, como último recurso, caso o autor não estivesse na plataforma virtual ou se a conexão não estivesse com boa qualidade, o chair da sessão colocaria o vídeo da apresentação. 

Estar num evento presencial excede as vantagens de estar em casa assistindo ao desdobramento das atividades do congresso. Ao participar de um evento fora da sua cidade, além da experiência de viver outras realidades, a imersão, estar longe das questões do dia a dia, facilita a interação e a discussão com outros pesquisadores. Neste sentido, o AAAI ainda está em processo de acomodação após anos em formato virtual por causa da pandemia. Acerca deste ponto reside minha principal queixa quanto ao evento: muitas apresentações foram realizadas usando a plataforma virtual ou por um vídeo previamente gravado, dando a impressão de estar assistindo ao youtube.  

Outra queixa é global, não apenas ao AAAI, e diz respeito ao cuidado (ou a falta dele) ao se preparar uma apresentação. Em alguns casos, o autor pouco se importava com a semântica, focando apenas no operacional. Um exemplo: ao contextualizar uma equação, uma definição, deve-se primeiro interpretá-la, explicá-la em alto nível. Só depois, deve-se para detalhar as variáveis, as partes constituintes. Em outros casos, os slides pareciam cópias mal feitas dos artigos; por vezes, slides ilegíveis da plateia com tabelas imensas ou com várias figuras pequenas, combinado com slides repletos de texto. O artigo e a apresentação são mídias diferentes com propósitos diferentes. O primeiro é um documento que deve ser entendido na ausência do autor. Já o segundo, é um guia para auxiliar o autor a expor de maneira clara o caminho que leva da concepção à conclusão do trabalho. 

Como ponto positivo, destaco a qualidade dos artigos selecionados pelo evento e, também, o rigoroso processo de seleção dos artigos. Os artigos que li, de maneira geral, são bem formatados e apresentam claramente suas contribuições perante a literatura da área. Ressalto ainda os palestrantes, pesquisadores de destaque que deram visões interessantes e inspiradoras de suas áreas.

A cidade

Washington, DC, é uma cidade para ser desfrutada a pé. Plana e com calçadas largas, convida os visitantes a caminhar e apreciar suas ruas, parques, praças, construções e monumentos. São muitas as atrações da cidade, mas, destaco os mais de setenta museus (voltarei de férias para visitá-los; tomara!).

EnANPAD 2022 — artigo premiado

Na sexta-feira (23/setembro/2022) foi realizada a cerimônia de encerramento do XLVI Encontro da ANPAD (EnANPAD). Este é o maior evento nacional da área e, neste ano, contou com mais e 1.900 participantes e com 2.389 trabalhos submetidos.

Apresentei o artigo “Reward Crowdfunding Success Forecasting: An Empirical Evaluation of Machine Learning Algorithms” que condensa um trabalho desenvolvido a várias mãos, com resultados promissores e desafios próprios de um trabalho multidisciplinar, mulitárea, multiregião e multi-institucional.

Neste trabalho, avaliamos diferentes algoritmos de aprendizagem de máquina (classificadores monolíticos e sistemas estáticos e dinâmicos de combinação de classificadores) para o problema binário de predição de sucesso de rewards-based crowdfunding.

Como intuito de melhorar a predição do sistema, foram adicionadas informações relativas ao sentimento da mídia no momento de lançamento da campanha de crowdfunding. Estas informações foram extraídas de tweets do jornal O Estado de São Paulo. Por fim, estratégias de eXplainable Artificial Intelligence (XAI), mas especificamente, Shapley values, foram usadas para indicar e “explicar” quais atributos mais influenciaram nas decisões dos classificadores. Tais explicações podem ser de grande valia não apenas para usuários finais de sistemas dessa natureza, pois podem aumentar a confiança sobre as decisões automáticas, mas também são vitais para que pesquisadores possam melhor entender os erros (e os acertos) das máquinas de aprendizagem, e, assim, gerar versões ainda mais precisas dos algoritmos.

Nosso artigo recebeu duas distinções: Divisão de Finanças e Melhor Trabalho do Evento (cerimônia de premiação: link do YouTube, 31′). Agradeço a parceria com os pesquisadores Wesley, Israel e Leonardo.

Padova-Itália (WCCI’2022)

Primeira viagem após o início da pandemia. Expectativa, alívio, renovação, ou, simplesmente, desejo de retornar à liberdade ora perdida de súbito. Algo foi retirado, sem planejamento, de repente, inesperadamente.

Procuramos novas alternativas. Mesmo sabendo que o anseio é voltar. Voltar ao conhecido, voltar ao que achamos que nos dá segurança. 

Segurança não há! A incerteza é o próximo movimento de um jogador imbatível. Mas, a incerteza nos coloca em modo de atenção do qual emerge mais aprendizado. Parece contraditório, mas não é; é vida.

. . .

Neste ano, participei mais uma vez do World Congress on Computational Intelligence (WCCI) que congrega três grandes eventos: IJCNN, CEC e FUZZ-IEEE. Este ano foi especial! Não apenas por ter ocorrido na Itália, na cidade de Padova (Patavium) que possui a segunda universidade mais antiga da Europa com 800 anos, mas também, por ser um recomeço. Nos três eventos, que ocorreram durante a semana de 18 a 23 de julho, foram apresentados mais de mil artigos.

Destes artigos, fui co-autor de dois:

Mariana Souza, Robert Sabourin, George Cavalcanti, Rafael Menelau Oliveira e Cruz.
Local overlap reduction procedure for dynamic ensemble selection
Carlos Antônio A Júnior, Luis Filipe Alves Pereira, George Cavalcanti, Tsang Ing Ren.
Ensemble of Convolutional Neural Networks for Sparse-View Cone-Beam Computed Tomography

São várias as atrações em Padova que ladeavam os caminhos que conectam o hotel ao local do evento. Alguns exemplos nas fotos a seguir.

As ruínas romanas do anfiteatro de Padova datam de 27ac—14dc. Já o Pedrocchi Café é bem mais recente, mas, está em funcionamento há quase duzentos anos.

A Universidad degli Studi di Padova foi fundada em 1222 por um grupo de estudantes e de professores, dissidentes da Universidade de Bolonha, em busca de mais liberdade acadêmica. Galileo Galilei foi professor nesta universidade de 1592 a 1610. Além disso, Elena Cornaro Piscopia tornou-se a primeira mulher a se graduar em uma universidade (em 1678) e a receber um título de doutora.

Mais uma data: a Basílica de Santo Antônio de Padova começou a ser construída em 1230 e, em uma de suas capelas, repousam os retos mortais de Santo Antônio.

Bologna

A cidade de Bologna é uma das mais populosas da Itália e está a 120 km de Padova. A universidade que leva o nome da cidade foi a primeira universidade da Europa, fundada em 1088.

São várias as atrações históricas desta antiga cidade. Entre elas, a Basílica de Santo Stefano, também conhecida como complexo das Sete Igrejas (Sette Chiese). Este complexo não chama tanta a atenção do lado de fora. Mas, ao adentrar, a composição de diferentes construções desperta a curiosidade e os olhares dos visitantes. Uma das igrejas do complexo é a Igreja do Santo Sepulcro; além disso, o complexo pretende reproduzir os caminhos da paixão de Cristo.

Ao andar nas ruas de Bologna, não nos damos conta dos túneis sob nossos pés. Como curiosidade, soube que existe um rio sob a cidade. Tal rio pode ser visto entre os prédios através de uma pequena janela da Via Piella (a Itália está passando por uma forte seca, por isso o rio mais parece um filete de água).

Agradeço Inden pela oportunidade de ser guiado por seus espetaculares amigos italianos: Manu, Elisa, Erica e Francesco, que além da arquitetura e dos monumentos da cidade, foram bastante generosos ao nos apresentar à fascinante culinária local. Destaco o gelato artesanal da Cremeria Santo Stefano e o jantar no Ristorante il Passatello di Bologna.

Venezia

Dos lugares únicos que conheci, acrescento Veneza. Desconheço outro local semelhante. É como o monte Saint-Michel na França; lugar único, mágico. Uma riqueza para os olhos, atentos ou não. A infinitude de detalhes ao longo de suas ruelas estreitas nos transporta para outra era, para filmes, para a alegria de uma cidade que vislumbra a paz após períodos tenebrosos. 

Neste verão de mais de quarenta graus, suas ruas pulsam como veias e seus “rios” como artérias que transportam pessoas de e para o seu coração, representada nesta metáfora pela praça de São Marcos.

 Prego!

Budapeste-Hungria (IJCNN’2019)

A cidade de Budapeste é cortada pelo rio Danúbio que no passado separava a cidade plana, chamada de Pest, da cidade com morros, chamada de Buda. A junção de Buda com Pest só ocorreu no final do século dezenove.

Budapeste recebeu a comunidade de redes neurais e áreas de pesquisas afins no International Joint Conference on Neural Network (IJCNN), que ocorreu de 14 a 19 de julho desse ano. Mais especificamente, o IJCNN foi sediado na parte plana, Pest, às margens do rio Danubio, de frente ao castelo de Buda localizado na outra margem do rio.

Como parte da atividades do projeto de colaboração que mantenho com o prof. Laurent Heutte (Universidade de Rouen, França) e com os profs. Alceu Britto Jr (PUC-PR) e Luiz Oliveira (UFPR), coordenamos uma sessão especial no IJCNN com o título Ensemble Learning and Applications.

Nesse ano, o IJCNN recebeu 1532 submissões de artigos de 82 países e, aproximadamente metade, (50%) deles foram aceitos para apresentações oral e pôster. Tive dois artigos aceitos e apresentados de forma oral. O primeiro artigo (On evaluating the online local pool generation method for imbalance learning) foi apresentado por Mariana (foto a seguir) que atualmente está fazendo se doutorado na École de technologie supérieure (ETS), em Montreal-Canadá, com supervisão do prof. Robert Sabourin e com minha co-orientação. Esse artigo apresenta uma avaliação do método de geração local de conjuntos de classificadores (OLP) em problemas com desbalanceamentos entre as classes.

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Thiago que está terminando seu doutorado no Centro de Informática-UFPE, orientado por mim e co-orientado pelo prof. Luiz Oliveira (UFPR), apresentou o artigo Evaluating Competence Measures for Dynamic Regressor Selection (foto a seguir). Nesse artigo, avaliamos diferentes medidas que são usadas para escolher os melhores regressores em um conjunto de modelos previamente treinados.

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Budapeste é uma cidade exuberante. São vários bares, cafés e restaurantes em suas ruas, nos quais, nota-se um intenso vai e vem de pessoas bonitas. No verão, com clima favorável e com a simpatia dos hóspedes, apesar da particular língua local (vale destacar que nos diversos estabelecimentos fala-se inglês), Budapeste é, sem dúvida, um convite que deve ser recebido e tratado com atenção especial. 

A cidade possui vários monumentos. Várias estatuas de bronze estão espalhadas pela cidade. Seguem dois exemplos nas fotos a seguir: little princess e sapatos às margens do Danúbio; ambas as fotos com o castelo de Buda ao fundo. 

O memorial dos sapatos de bronze homenageia as vítimas que foram assassinadas nas margens do Danúbio durante a segunda grande guerra. Essas vítimas eram obrigadas a retirar os sapatos antes de serem mortas, pois os sapatos eram considerados itens de valor. Esse memorial fica próximo ao parlamento húngaro e, por mais belo que seja o lugar, é inquietante saber o motivo pelo qual os sapatos lá estão — desassossego exacerbado pelos vários sapatos infantis (many little princes and princesses).

Rio de Janeiro (WCCI’2018)

Nesse ano, o IEEE World Congress on Computational Intelligence (WCCI) ocorreu na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Esse é o maior evento global focado em inteligência computacional e congrega três grandes conferências a cada dois anos: International Joint Conference on Neural Networks (IJCNN), IEEE Congress on Evolutionary Computation (CEC) e IEEE International Conference on Fuzzy Systems (FUZZ-IEEE). Vale destacar que essa foi a primeira vez que essas conferências ocorreram na América do Sul.

O WCCI é um evento longo que dura seis dias, de domingo à sexta-feita, com mais de dez sessões em paralelo. Na manhã do domingo, apresentamos um tutorial sobre seleção dinâmica de classificadores: Dynamic classifier selection: recent advances and perspectives. Nesse tutorial, foram apresentados os principais conceitos da área de pesquisa relacionada à combinação de classificadores, bem como, foi debatido o futuro da área. A foto a seguir registra o final do tutorial após mais de quatro horas de apresentação/discussão; da esquerda para a direita: eu, Rafael Cruz (apresentador) e Robert Sabourin.

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Além do tutorial, fui co-autor de quatro artigos apresentados no IJCNN. Rafael apresentou o artigo “K-Nearest Oracles Borderline Dynamic Classifier Ensemble Selection” que propõe dois métodos para seleção dinâmica de classificadores: K-Nearest Oracles Borderline (KNORA-B) e K-Nearest Oracles Borderline Imbalanced (KNORA-BI). Essas propostas estendem o método K-Nearest Oracles Eliminate (KNORA-E), em especial, para lidar com dados cujas classes estejam desbalanceadas. Esse problema de desbalanceamento ocorre quando o número de instâncias em uma das classes é bem menor do que o número de instâncias em uma outra classe do mesmo problema.

Felipe (foto a seguir) apresentou o artigo “An Ensemble Generation Method Based on Instance Hardness“. Nesse artigo, propomos um método de geração de pools de classificadores baseado no Bagging.  Nessa proposta, a probabilidade de selecionar uma instância durante o processo de remostrarem é inversamente proporcional à sua instance hardness (medida usada para aferir a probabilidade de uma instância ser incorretamente classificada independente do classificador). Os experimentos mostraram que o método proposto é significativamente melhor do que Bagging em cenários nos quais os dados contêm ruído.

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O artigo “Improving the accuracy of intelligent forecasting models using the perturbation theory” foi apresentado em formato pôster. Na foto a seguir, da esquerda para a direita: Eraylson, eu, Paulo Salgado e Domingos. Nesse artigo, a teoria da perturbação é aplicada na previsão de séries temporais.

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Apresentei o artigo  “An empirical analysis of Combined Dissimilarity Spaces“, fruto do trabalho de graduação de Leticia. O trabalho apresenta o método Combined Dissimilarity Spaces (CoDiS) e alguns de seus parâmetros são avaliados objetivando a tarefa de categorizar texto. CoDiS é um sistema de múltiplos classificadores (SMC) no qual cada classificador é treinado com dados de um espaço de dissimilaridade diferente. Esse tipo de abordagem apresenta uma vantagem que emerge da diversidade gerada pelo uso de vários espaços diferentes ao invés de apenas um espaço. Assim, cada classificar do SMC “enxerga” a tarefa de categorizar o documento de um ângulo diferente e, possivelmente, complementar.

Os artigos submetidos ao congresso são avaliados por revisores que são pesquisadores experientes no assunto do artigo. Tanto a indicação dos revisores como a seleção dos artigos que serão apresentados num evento são tarefas de um comitê. Nesse ano, fui um dos cinco que formaram esse comitê (technical chair) do International Joint Conference on Neural Networks. Experiência interessante e árdua. Também tive o prazer de fazer parte do comitê que avaliou o melhor artigo de estudante do evento (best student paper award).  Atuei como section chair em duas sessões e, também, tive o prazer de introduzir o Plenary Talk do cientista Paul Werbos intitulada “Consciousness from AI to IOT and Noosphere“.  Werbos foi o primeiro pesquisador a descrever o processo de treinamento de uma rede neural artificial pela retro-propagação do erro, em 1974. Importante lembrar que nessa época, a área de redes neurais artificiais estava desacreditada; período conhecido como o inverno da Inteligência Artificial (AI Winter).  Grande parte desse descrédito deveu-se ao livro publicado por Minsky e Papert (“Perceptrons: An Introduction to Computational Geometry”) no qual eles mostram que um Perceptron não pode resolver o problema do Ou-Exclusivo (XOR). Muitas mudanças ocorreram logo depois com a publicação do artigo “Learning representations by back-propagating errors“. Mudanças que deram origem à família de métodos de aprendizagem de máquina conhecida como Deep Learning e que impactam bastante nossas vidas atualmente.

 

Montreal, Canadá (ICPRAI’2018)

Essa viagem foi motivada por duas atividades acadêmicas: visita científica à École de Technologie Supérieure (ETS) e participação no International Conference on Pattern Recognition and Artificial Intelligence (ICPRAI). A primeira semana da viagem foi dedicada à colaboração científica com o prof. Robert Sabourin e com o Dr. Rafael Cruz, ambos da ETS. Discutimos, entre outros assuntos, nossa visão sobre o futuro da área de combinação dinâmica de classificadores e possíveis abordagens para a geração de classificadores on the fly.

Na segunda semana, participei do ICPRAI que foi realizado na Concordia University. Foi nessa universidade que ocorreu o ICFHR em 2008, quando da minha primeira visita ao Canadá. Rafael apresentou nosso artigo “On dynamic ensemble selection and data preprocessing for multi-class imbalance learning” que avalia o desempenho de técnicas de seleção dinâmica de classificadores quando associadas a técnicas de pré-processamento em bancos de dados com diferentes graus de desbalanceamento. As técnicas de seleção dinâmica de classificadores estudadas obtiveram melhores resultados do que a combinação estática nas três medidas avaliadas: G-mean, F-measure e AUC. Além disso, os experimentos mostraram que o uso de pré-processamento melhora significativamente os desempenhos de técnicas de combinação dinâmicas e estáticas. Esse artigo foi convidado para uma edição especial do International Journal on Pattern Recognition and Artificial Intelligence.

Montreal é a cidade com a maior proporção de restaurantes por habitante do planeta. Um paraíso gastronômico. A diversidade é imensa. Tem comida para todos os gostos. Das minhas impressões, destaco o restaurante afegão Khyber Pass. Este figura no topo dos melhores restaurante que já tive o prazer de frequentar. Dica: antes de ir ao restaurante, compre um vinho de sua escolha numa Liquor Store e levo-o. Essa é uma prática comum por lá pois eles não cobram a “rolha” (taxa cobrada em alguns restaurantes para que você possa levar seu vinho).

Montreal é uma cidade que emana um charme que advém, em parte, da herança francesa. Ela é uma cidade verdadeiramente bilíngue. O famoso “Bonjour! Hi!” é ouvido nos mais diversos estabelecimentos. Multicultural!

(Homenagem ao cantor Leonard Cohen na Rue Crescent)

Anchorage, Alaska, USA (IJCNN’2017)

O International Joint Conference on Neural Networks (IJCNN) de 2017 ocorreu em Anchorage, a maior cidade do Alaska-USA que concentra mais de quarenta porcento da população desse estado. O Alaska foi comprado do Império Russo pelos americanos e se tornou o quadragésimo novo estado dos EUA em 1959.

Nesse evento tive dois artigo aceitos. Um dos artigo (On the Characterization of the Oracle for Dynamic Classifier Selection) é fruto do mestrado de Mariana e propõe um algoritmo para gerar um pool de classificadores por problema. Nesse trabalho mostramos que o Oracle não é uma boa medida para guiar a construção do pool e propomos uma alternativa: o Hit Rate.  O segundo artigo (Analyzing Different Prototype Selection Techniques for Dynamic Classifier and Ensemble Selection) compara vários algoritmos de seleção de protótipos para reduzir o conjunto de validação em sistemas de seleção dinâmica de classificadores.

O centro da cidade de Anchorage é bastante deserta. Avistam-se várias edificações que não foram beneficiadas pela criatividade de seus arquitetos. Outro fato que desperta a curiosidade é a grande quantidade de estacionamentos pagos no centro. É possível encontrá-los em quase todos os quarteirões e vários deles chegam a ter seis andares. 

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Assim como a cidade de Santiago, Chile, a cidade de Anchorage é cercada por montanhas (foto acima), porém não tão altas quanto às de Santiago. Como não existem muitos prédios altos, a vista das montanhas é uma constante atração para quem está no centro. 

Passei por vários parques no centro da cidade. Parques bonitos e bem cuidados, com trilhas e espaço para um passeio de bicicleta; mas, quase sempre vazios. Compartilho que o clima não é o melhor atrativo da cidade, mas a temperatura estava acima de zero grau durante toda a minha estada. 😉 Para quem gosta de esportes de aventura, o Alaska parece ser o paraíso. São incontáveis trilhas.

2017-alaska-sol-das-23hA foto acima foi tirada do primeiro andar da cervejaria 49th State Brewing perto das 23h. Repare que o sol ainda se fazia presente na sua totalidade.

2017-alaska-24hDe fato, nessa época do ano, mesmo após a meia-noite quando o sol já havia de posto, não ficava totalmente escuro, pois o sol navegava um pouco abaixo do horizonte (a foto acima foi tirada um pouco após a meia-noite).

New Orleans, USA (ICASSP, 2017)

O French Quartier certamente é um dos pontos mais badalados da maior cidade da Louisiana. A Bourbon street é sua rua mais conhecida e é indicada para quem busca diversão. São vários bares, restaurantes e, muita, muita gente caminhando para cima e para baixo em clima de festa. Esse clima de festa, com um toque de bagunça, é prejudicado pelo cheiro desagradável das ruas. E não estou falando do cheiro que advém de fumaça de cigarros e afins lícitos ou não. Conjecturo que, assim como a cidade de Recife, New Orleans possui vários pontos abaixo do nível do mar e isso dificulta (mas não é desculpa!) o fluxo da rede de esgoto.  

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Os quarteirões da Frenchman street que ficam próximos ao rio Mississipi possuem vários e diversificados ambientes para quem quer curtir jazz/blues de raiz. Uma alternativa barata e rápida para quem está no centro e não deseja andar até a Frenchman street é pegar o bondinho. São três linhas ao preço de 1,25 dólar por trecho.

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Um dos marcos da arquitetura do French Quartier é a fachada das edificações. Muitas delas possuem uma varanda no primeiro andar que é apoiada por vigas de metal que protegem as calçadas da chuva e do sol. 

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No coração do French Quartier localiza-se a St. Louis Cathedral. 

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No IEEE International Conference on Acoustics, Speech and Signal Processing (ICASSP) desse ano, mais de 1200 artigos foram apresentados. Pelo que constatei, poucos foram artigos de brasileiros que estão no Brasil. Do CIn-UFPE, fomos os únicos participantes do maior evento de processamento de sinais. Seguem a seguir duas fotos dos pôsteres que apresentamos sobre verificação de locutor e segmentação de fala.

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Na primeira foto estão, da esquerda para a direita, Hector, eu, André e Tsang. Já na segunda, da esquerda para a direita, estão André, eu, Tsang e Leonardo. 

Lugar-comum no coffee-break do evento era o beignets. Fritura típica da região normalmente acompanhada por açúcar de confeiteiro ou chocolate quente. Iguaria local provada no evento e no Cafe du Monde.

Algumas coisas são difíceis de entender. Na frente do hotel que fiquei hospedado tem um restaurante chamado Mothers. Ve-sê constantemente fila na porta desse restaurante que serve, entre várias coisas, café da manhã durante o dia todo. A comida não é lá essas coisas e os atendentes não são simpáticos (estou sendo simpático na adjetivação ;)). Por outro lado, simpatia não faltou no Ruby Slipper.

Budapest, Hungary (SMC’2016)

201610-smc-budapestO congresso anual da IEEE International Conference on Systems, Man, and Cybernetics (SMC) foi realizado esse ano na capital da Hungria: a linda cidade de Budapeste. O evento foi dedicado ao húngaro John von Neumann, um dos pioneiros da ciência da computação. Durante a segunda guerra mundial, ele trabalhou em conjunto com renomados pesquisadores no Projeto Manhattan e, entre várias contribuições em diversos ramos, vale destacar que os computadores que usamos hoje usam uma arquitetura que leva seu nome (Arquitetura de von Neumann).

A cidade de Budapeste foi formada pela união de duas cidades separadas pelo rio Danúbio: Buda e Peste. A foto abaixo mostra a vista de Buda a partir de Peste, além da belíssima ponte (Chain Bridge) sobre o rio Danúbio e, ao fundo, o castelo Buda (Buda Castle).

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Nesse congresso, apresentamos o artigo “A prediction classifier architecture to forecast device status on smart environments” no qual propomos um sistema para casas inteligentes com o objetivo de aumentar o conforto dos usuários da casa e, ao mesmo tempo, economizar energia.

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O artigo foi fruto de uma parceria entre a Samsung (SIDI-Campinas), o Instituto Eldorado (Brasília) e o CIn-UFPE (Recife). O artigo foi apresentado por Cristina (à esquerda na foto acima) que trabalha no Instituto Eldorado; e, à direita na foto, encontra-se Rafael Simionato que trabalha na Samsung em Campinas.