A recepção ao chegar no aeroporto de Trondheim foi neve. Sim, estava frio e o visual branco/cinza não apenas no chão, mas também no céu. Mas, lembro da recepção calorosa na minha primeira participação no IEEE Symposium Series on Computational Intelligence (SSCI), um evento bianual que neste ano ocorreu de 17-20 de março.

Deixar Recife com destino ao país nórdico requer um punhado de paciência. Pelos menos duas paradas e muitas horas em aeroportos. Meus voos foram: Recife para São Paulo (~3h), São Paulo para Amsterdã (~11h) e Amsterdã para Trondheim (~2h). Embora o trajeto tenha sido cansativo, o evento foi bastante proveitoso e tive a oportunidade de conhecer muitos outros pesquisadores, conhecer um pouco da cidade-cede do evento e, claro, participar das apresentações dos dois artigos que fui co-autor.

O artigo Multi-view autoencoders for Fake News Detection, assunto da tese de doutorado de Ingryd Pereira com co-orientação do prof. Rafael Cruz, propõe uma abordagem para fundir vários embeddings em apenas um. A ideia é manter as informações mais importante de cada um dos embeddings usados como entrada, além de ser mais eficiente do ponto de vista computacional. Os resultados se mostraram promissores para o contexto de detecção de fake news.

Já o artigo Imbalanced malware classification: an approach based on dynamic classifier selection, foi desenvolvido pelos alunos de graduação José Vinicius e Camila Vieira, também com a colaboração do prof. Rafael Cruz. Este artigo insere-se no contexto de cibersegurança e trata de detecção de malware. A proposta contempla alternativas que lidam com o desbalanceamento das classes e com seleção dinâmica de classificadores que levaram a melhorias nas taxas de predição de malware.
Antes da recepção de boas vindas do evento, tivemos um recital na Catedral de Nidaros. Belíssimo som que envolveu todos os espaços da catedral emitido por um órgão com mais de 10.000 pipes, dos quais 72 eu conseguia ver por trás do instrumento. Como bem falou a senhora que nos inspirou ao passar seus dedos pelas teclas e seus pés nas “pedaleiras”, tocando de músicas locais, passando por Bach e pela trilha do filme Interestelar, a música tem esse papel de provocar sentimentos, é preciso senti-la. E é verdade, sentimentos de happyness, de sadness e de joy que parecem vir de canto-nenhum (provavelmente de dentro) afloram e são contribuídos pelo local especial.


A Catedral de Nidaros (antigo nome da cidade de Trondheim) está prestes a fazer mil anos. Vale salientar que a população atual da cidade é estimada em 215 mil habitantes; assim, mil anos atrás não deveria ter tanta gente por lá. Mas, a catedral é bem grande. O motivo é que, no passado, a catedral se tornou um ponto de peregrinação e muitos a visitavam. Por esse motivo, construiu-se uma catedral desse porte.
Olav Haraldsson foi rei da Noruega. Esse guerreiro viking se converteu ao catolicismo na cidade francesa de Rouen e foi responsável pela disseminação do cristianismo em seu país. Foi canonizado em 1164, tornado-se um santo da igreja católica. O altar principal da Catedral de Nidaros foi construído no local de seu sepultamento.

Após o recital, a recepção foi no Palácio do Arcebispo, ao lado da catedral. O espaço conta também com um museu.
Um dos marcos da cidade é uma ponte (Old Town Bridge, construída em 1681) que cruza as águas do rio Nidelva que, por sua vez, corta a cidade.

Na quinta-feira, finalmente, parou de chover depois de três dias cansativos de chuva, frio e vento. Sim, parte do céu ficou azul e, como numa metamorfose, as pessoas foram às ruas, crianças brincando nas praças e adultos sentados nas mesas do lado de fora dos restaurantes — tudo isso com a temperara de 1 grau celsius; mas, sem chuva e sem vento. Almost paradise! 😉




Adoro caminhar nas cidades. Logo, aproveitei a ausência de chuva e de vento e fui ao forte Kristiansten (construído em 1681), a partir do qual é possível ter uma visão ampla de toda a cidade. Depois de dois quilômetros, parte do percurso em subida, a vista compensou cada passo. Verdade, o céu não estava azul, mas, quando comparado aos dias anteriores, não posso reclamar.
Uma característica forte da cidade são as cores das casas. As casas e suas cores compõem uma paisagem harmoniosa, quebrando a dureza do frio, trazendo uma leveza alegre ao quebrar a monocromaticidade. Vermelhas, amarelas, verdes, beges, brancas, azuis , marrons, cinzas, … uma linda aquarela!

Bom, não foi desta vez que vi a aurora boreal. Mas, destaco que esta foi uma excelente oportunidade, pois a cidade de Trondheim está na latitude 63,45 (quanto maior mais perto do círculo polar ártico). A título de comparação, a cidade de Montreal que é conhecida pelo inverno intenso fica na latitude 45,51 e a maior cidade do Alaska, Anchorage, fica na latitude 61,22. Ou seja, Trondheim está mais perto do círculo polar ártico do que a maior cidade do Alaska!
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